Diário de Guerrilha: 30/01/2004. À bordo de um oscilante e claustrofóbico ônibus da Catarinense, na rota Florianópolis-Curitiba, sob uma chuva aterrorizante (parece enredo do Tarantino), assistí pela enésima vez o clássico Sociedade dos Poetas Mortos. Como o Pequeno Príncipe, algumas obras mostram facetas diferentes, com o passar do tempo. Como os diamantes...

Carpe Diem

Desde pequeno adoro escrever. Mas, paradoxalmente, minha letra (a cursiva) era horrível, e me batia na grafia da letra "u"; as pernas ficavam assimétricas. Para desespero da minha mãe, professora.
Certo dia, estava eu no Colégio Machado de Assis, em São Paulo (que virou fábrica da Philips, anos depois), cursando a Primeira Série. Aula de Redação, tema: "Escreva sobre um animal". Tomasi di Lampedusa deve ter "baixado" em mim; minha redação foi intitulada "O Leopardo", e encantou minha mestra. Que mostrou à Diretora. Que, para meu orgulho, fez que minha pequena obra, fosse divulgada por toda a escola. Um enorme incentivo à minha nascente criatividade.
Por outro lado, tenho vários amigos que odeiam escrever. E, conversando com eles, chego à conclusão que eles nunca foram devidamente estimulados à escrever, por seus professores; foram obrigados. E, obrigado, ninguém faz nada com o coração...
Vivo insistindo à uma menina: "Faz um blog; você tem senso crítico, é observadora e divertida. Escreve umas crônicas, todo mundo vai gostar". Ela me olha com os olhos da Marisa Monte, negros como aqueles descritos numa canção folclórica russa e minha argumentação acaba. (Pelo menos, de uns dias pra cá ela começou a escrever. Mas o blog... ainda não foi pro ar).

Assistir novamente "Sociedade dos Poetas Mortos" me fez refletir sobre o papel dos professores em abrir horizontes e despertar talentos, a importância da Poesia (sim, em maíuscula) em estimular nossos sentimentos mais nobres, o compromisso que nós deveríamos assumir com nós mesmos: o de viver cada dia como se fosse o último - e sorver da vida tudo o que ela tem para nos oferecer.

Eu só me arrependo do que não fiz nesta vida.

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