Diário de Guerrilha: 18/07/2009.

Descobrí ontem que minha conta foi desativada no blogger.com.br (obrigado, Dona Globo...), onde o www.guerrilheirodapaixao.blogger.com.br estava hospedado, depois de quase seis anos.

Copiei todos os posts,para cá em ordem cronológica, para que não se percam. Lamentavelmente, todos os comentários - felizmente muito mais elogios que críticas - se perderam.

Espero retornar a produzir textos o mais breve possível.

Um abraço a todos !
Diário de Guerrilha: 02/10/2008. VOLTAMOS AO AR...

Neste dia histórico, este blog (criado há quase 5 anos em Florianópolis) está sendo "reativado" (em Curitiba...)
Voltei a usar o template antigo, o mesmo de tempos atrás - num resgate simbólico de um período de criatividade (e "auto-exílio").

Aos que esporadicamente me visitaram neste hiato de posts e lamentaram a minha ausência, dedico meus textos.

Valeu (e vamos em frente)...
(Escrevi este artigo a pedido de um amigo meu, para um jornal de bairro)

PEQUENO MANUAL DE ORIENTAÇÃO AO IMIGRANTE DE CURITIBA

Caro recém-chegado, siga atentamente estas instruções. Em caso de emergência tome um Lexotan.

01- Está perdido ?
Oriente-se pelas placas (bilíngues, que chique) de sinalização - elas custaram o olho-da-cara aos contribuintes que mal falam português.
Os curitibanos tem muito orgulho de seu arrojado projeto viário e quando se deparam com um perdido procurando o Prado Velho, por exemplo, mandam o coitado pro Fazendinha - para que ele conheça (mesmo a contra-gosto) todos os rincões da cidade.
Só uma coisinha: desista de procurar nessse mapa que te deram na rodoferroviária onde fica o bairro Champagnat. Ele não existe, ok ?

02 - Onde ficar ?
Não se preocupe: Em cada quarteirão do Centro você encontra um hotel (vazio, obviamente). Em alguns casos, até três. Pechinche ao se hospedar, talvez algum hotel até pague para que você ficar.

03 - Onde comer ? E o quê ?
Numa mesa, de preferência. Você não vai comer de pé, vai ?
Ok, ok. Não deixe de conhecer Santa Felicidade e seus risotos, suas lazanhas, gnocchi, spaghetti e tutto mais. Mas esconda as balanças de sua mulher.
Não deixe de provar um delicioso cachorro-quente com duas vinas e um cúque. Eu adoro comer o cúque da minha vizinha. Com uma bela banana caturra, é claro.

04 - Como ir ?
De ônibus, claro. A cidade tem um sistema de transporte coletivo invejado pelo mundo todo - exceto nos horários de rush - quando com certeza você desejará estar num taxi com ar condicionado e sem ninguém a esmagar seu pé direito ou te espremer com sacolas. Nos dias frios, como os ônibus circulam com os vidros hermeticamente fechados, leve seu próprio clilindro de oxigênio.
E não se espante se nenhum marmanjo ceder seu lugar a idosos ou gestantes - há uma estranha e repentina espécie de autismo os impede de levantar nos ônibus lotados.

05 - O que fazer ?
Curitiba oferece diversos shoppings para você passear enquanto uns reparam nas roupas dos outros e diversas lojas populares para você comprar lembrancinhas para a sua sogra, sua tia e o cachorro do seu cunhado.
Nos mercados, não se incomode se por ventura alguém ficar olhando ostensivamente pro seu carrinho: o curitibano avalia que você é pelo o que você compra. (Quando faltar papel higiênico, recorra a um serviço de tele-entregas).

06 - Pontos Turísticos
A rua das Flores e sua famosa Boca Maldita. Onde toda a fauna urbana em sua bio-diversidade se manifesta: Desde os doidos que sem motivo aparente começam a berrar até o ciclista besuntado de sunga. Detalhe metodológico: Aqui ao caminhar ninguém desvia.
Se alguém vem em sua direção, a inércia fará que ele permaneça em rota de colisão, esperando que os demais desviem.
No Parque Barigüi você comprovará que toda Lei de Física pode ser contrariada, pois dois corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço aos domingos.
No Jardim Botânico você poderá sentir a maresia mesmo estando a milhas do litoral mais próximo.
Já nos bairros o máximo em diverão e entretenimento consiste em lavar o carro com aquelas caixas de som enormes pra fora do porta-malas, no último volume, enchendo o saco de toda vizinhança num raio de 5 Km com um tush-tush de torrar o saco.
Até às duas da madrugada.

Aproveitem este guia e boa estada em Curitiba.
(Eu faço algumas coisas que escrevi aqui)*

*Marcos Caiafa não nasceu em Curitiba, já morou num monte de lugar e não troca isso aqui por nada.


Diário de Guerrilha: 26/10/2005. Quase uma piada dizer que tenho um blog...
Uma cidade tão linda tem uma faceta da alma muito feia:

A Velha Fascista

As pessoas não desviam; esbarram em você nas ruas.
Nos ônibus, olhos a reparar, medir, ora sizudos, ora veladamente sarcásticos.
Nos corredores dos prédios, os vizinhos que não se cumprimentam, se evitam.
Os colegas de trabalho ou de classe que passam por você de carro, e não oferecem carona.
Os currículuns de afro-descendentes que discretamente são jogados no lixo minutos após serem entregues.
A compulsão em saber o sobrenome de todos.
Os comentários de que "gente de fora" não presta.
Os burguesinhos com o carro do pai cometendo delitos impunes no trânsito.
As meninas com roupas de grife e ar blasé desfilando na Batel.
Carros da frota estadual usados para pescarias.
Casas imensas de políticos, com cercas e vigias, para impedir os cem anos de perdão.
Querem saber tudo sobre você, mas deles, não se conta nada.
As calçadas de pedras irregulares que não gostam de carrinhos de bebês, velhos e deficientes.
As ameaças contra homossexuais afixadas nos muros.
Mal-encarados anabolizados de cabelo curto e roupa preta.

Cidade Fascista.
Na contra-mão da globalização.
Retrovisores voltados ao passado.
Cheiro de mofo e podre.

Diário de Guerrilha: 04/04/2005. A chuva que caiu ontem na mais polonesa cidade brasileira foi um pranto metafórico ?

Réquiem a Joannes Paulus II (Futuro São João Paulo II)

Vasco X Fluminense, Maracanã lotado, década de 80. Falta a ser cobrada pelo tricolor.
Nos angustiantes momentos que antecedem a cobrança, a torcida do Fluminense começa a entoar um refrão cantado por toda a nação, há pouco tempo atrás: "A bençâo, João de Deus... A benção, João de Deus..."
Não posso afirmar se houve qualquer intervenção divina a favor dos tricolores (apesar do Vasco usar a Cruz da Ordem de Cristo em seu uniforme), mas o Fluminense venceu...

Esse João de Deus (que foi goleiro e torcedor do Cracowia) cantado no templo pagão do futebol foi um dos maiores persongens da história contemporânea.
Orfão de mãe ainda criança, viu sua Polônia ser arrasada e ocupada pelo horror nazista, foi prisioneiro em um campo de trabalhos forçados. Perde o pai. Decide abraçar o sacerdócio - mas todos os seminários foram fechados pelos invasores alemães... É acolhido de forma clandestina pelos religiosos sobreviventes, onde ao final da guerra é ordenado padre.
Com a libertação da Polônia pelo Exército Vermelho, vê-se diante de um paradoxo sarcástico e cruel: os soviéticos não vieram exatamente libertar a Polônia - e começa um novo ciclo de provações aos poloneses. O país é transformado num satélite soviético (comunista e ateu), e as liberdades individuais são quase extintas.
Torna-se Cardeal. E numa ousadia de destino, Papa.
Nos anos 80, o auge da Guerra Fria. João Paulo II visita a Polônia em pleno estado de sítio. O Solidarność, de Lech Walesa, torna-se o ícone das aspirações de liberdade. Apesar das ameaças de ocupação, a URSS não repete a "Primavera de Praga".

Aos poucos, João Paulo II conseguirá realizar tudo o que complexo militar americano fracassou: Desmantelar a União Soviética, desembarcar em Cuba e fazer de Arafat um aliado. Sem armas, aliás, com a melhor delas: com palavras.
Tamanha ousadia custou-lhe um atentado encomendado pela KGB, que quase lhe tira a vida.

Este Papa, esportista, poliglota, estadista, tinha seus defeitos - acusado de retrógrado, pois muitos esperavam uma postura mais progressista da Igreja - mas soube superar seus críticos visitando diversas nações no mundo, já doente, num ato de superação e sacrifício; promover boas relações com outras religiões (judeus, ortodoxos e islâmicos); condenar as guerras e finalmente ser aclamado como o maior dos Papas pelos católicos.

No Brasil, em sua primeira visita, testemunhou a miséria do povo e a opressão do regime militar.
Em sua segunda visita, nosso país retomava (embora que por vias tortas, com Collor) o caminho democrático...

O Bosque que leva seu nome em Curitiba, além de representar a imigração polonesa no Paraná, foi palco de uma série de aparições de Nossa Senhora na década de 80. Com a revelação o terceiro segredo de Fátima, tais aparições sugerem hoje todo o tipo de especulação.

De João Paulo II, que ví passar ligeiro no Eixão de Brasília a bordo de seu indefectível papamóvel ainda garoto, guardo o exemplo de um grande homem, que mudou o mundo. Para sempre.

Diário de Guerrilha: 04/02/2005. Eis aí, cara Tati, o post sobre o filme francês Irréversible.
Não sou fatalista, mas o tempo destrói muitas coisas, sim. Ainda bem...

O Tempo destrói tudo (?)

Meu lugar favorito em Floripa não era Jurerê, nem a Lagoa, muito menos a Joaca. Nunca fui um animal marinho, e além disso, meu bronze Lestat denuncia meu lado transilvânico.
Poizé, meu lugar favorito em Floripa era o CIC - Centro Integrado de Cultura.
Teatro (o maior de FLN), cinema (exclusivamente filmes do circuito alternativo ou cults), espaço para vernisages e o melhor barzinho da ilha, o Matisse (nem em Paris há um lugar como esse, pelo ambiente, e pelo ecletismo das bandas).
Certo dia, vejo no mural da programação: "Não perca o pesado e polêmico filme Irréversible". Duas palavrinhas que me cheiraram à armação de marketing, "pesado e polêmico". Lendo mais atentamente, duas matérias, traduzidas do Libération e do Le Monde advertem os expectadores que é uma obra "corrosiva, de certo mau gosto e de forte violência" (na verdade, os termos podem não ser bem esses, mas o resumo da ópera é por aí). Li as matérias, e apesar de saber que há uma longa e revoltante cena de estupro, me interessei em assisti-lo.

Passado quase um ano, assisti sim. Em casa, no DVD. Em Curitiba - eu perdi a exibição no CIC, e acabei voltando a morar na capital do Paraná.

Irréversible é muito mais revolucionário e crítico do que pesado e polêmico - com seu ar underground, do qual não consigo desassociar das obras do mestre Nélson Rodrigues, Plínio Marcos e Dalton Trevisan; a violência nua e crua, nos bas-fonds de Paris, entre muita droga, gays, prostitutas e travestis. Dentro de uma ótica européia, evidentemente, do controvertido (e criativo) diretor Gaspar Noé. Nada do tom mondo cane (hipócrita e pseudo-jornalístico) de um Aqui Agora ou Cidade Alerta - onde homicídios, fratricídios, genocídios e suicídios não nos chocam mais, por estarem (infelizmente) tão presentes em nossa sociedade.
A montagem não convencional de Irréversible é outro ponto de destaque. Não segue a linha normal de enquadramento, a câmera oscila, gira, desce para entrar na cena. Diálogos crus, degradação social, temática neurótica-urbana - tudo isso faz deste filme uma versão punk-hardcore da Vida Como Ela É (ou uma Laranja Mecânica pré-apocalipse). No final, um "quê" de 2001, Uma Odisséia no Espaço (há uma quase imperceptível referência, num poster do filme, antes de se abrir a tomada final).
Os atores parecem não ter ensaiado suas cenas e falas; há uma naturalidade, um descompromisso com a estética e a decência.
Monica Bellucci não faz de sua beleza um mero atrativo. Seu personagem é o ponto chave do roteiro.

Nos créditos, uma referência ao concretismo russo (que muito admiro). A trilha sonora é agressiva, pulsante, hipnótica.
No enredo, o fatalismo é quase um personagem, é presente.
Como um conselho dado por alguém antes de se atravessar a rua: "use a passarela subterrânea, é mais segura".

É irreversível: assistir este filme nos faz questionar esse mundo que vivemos e a droga na qual ele está se transformando.
Por nossa culpa, nossa máxima culpa.

Diário de Guerrilha: 01/01/2005. Sim, dia de Ano Novo. E eis-me aquí, em pleno trabalho. Pelo bem do turismo e hotelaria brasileiros...

Dia de Ano Novo

O sono só foi bater mesmo lá pelas três.
O despertador me arranca de um sonho meio esquisito às sete da manhã.
No "automático", me visto, escovo os dentes, me mando.
No elevador percebo que os meus sapatos precisam urgentemente de graxa.
E eu, de mais horas de sono.
Minha cara grita isso.
Cumprimento o porteiro, olho para o céu. Cinza, mas isso é default. Daqui a algumas horas estará azul.
Entro no carro.
Músicas velhas no rádio - aquelas baladinhas comerciais pop insuportáveis.
DJ em ressaca e seus cartuchos com sucessos datados.
Ninguém na rua. Ninguém mesmo.
Na Martin Afonso. Na Padre Agostinho.
Tive a impressão de ver um mendigo na esquina com a Desembargador Motta - mas foi só impressão.
Doutor Muricy; desvio de um cachorro no meio da pista.
Um cachorro bege, parecia um Labrador.
O cachorro não se moveu.
Esquina com a XV: Um pombo, num rasante, sobrevoa o meu carro e desaparece rumo à Tiradentes.
Esquina com a Marechal Deodoro: Ví um ônibus.
Aqueles tradicionais, amarelos.
Passo a Carlos Gomes, dobro na André de Barros.
Bancas de jornais fechadas.
A Gazeta do Povo não circulará hoje.
Nem o Bar do Alemão abrirá, muito menos as lojas do Mueller.
Entro na Barão do Rio Branco e paro o carro.
Desço, entro no hotel.
E começa um dia de trabalho.


Diário de Guerrilha: 22/11/2004. Pronto: Este blog passa a ter uma edição bimestral...
Dedico este post ao Rodrigo (do site paixão pelo copersucar), à turma da Dana (obrigado pelo material) e à todas as "viúvas".

Minha bicicleta era amarela...

No quadro desta bicicleta, havia a figura de um pássaro, com asas multicoloridas (que recortava de uma 4 Rodas qualquer).
O número, este era mudado, a cada ano: 30, 28, 14... com durex.
O emblema na frente do guidom, era de plástico. Recorte de uma embalagem de álcool.

Quem tem mais de 30 anos, sabe o que estou falando (na verdade, escrevendo).

Antes de Senna se tornar nosso herói e mártir nas pistas, antes de Piquet ganhar seus três títulos mundiais e antes de toda essa moçada que a cada ano é rotulada de "nossa nova esperança na Fórmula 1", havia um piloto cujo sobrenome virou sinônimo de velocidade. Ele dominou o automobilismo nacional, projetando-se na antiga "Fórmula V", e foi tentar a sorte na Europa. Sem saber, este paulista, honrando suas origens, estava na verdade sendo um bandeirante. Abrindo as portas (e os corações) de nosso país ao automobilismo. Fórmula Ford, Fórmula 2. Fórmula 1. Lotus. O famoso e lindo modelo 72, primeiro carro "moderno" da F1, o primeiro a usar as cores de patrocinador (Gold Leaf).
A primeira vitória - GP dos EUA, 1970. Depois, um ano amargando os reveses de um projeto revolucionário mas mal-concebido: o Lotus-Turbina. Em 72, a glória: ao volante da Lotus negra e dourada (talvez o mais belo de todos os carros de competição), o primeiro título mundial.
Vice em 73. Campeão novamente em 74, desta vez pela McLaren - provando que não dependia de Collin Chapman nem da Lotus. Em 75, deixa a McLaren para dedicar-se a um sonho.
Este sonho se chamava Copersucar-Fittipaldi. O primeiro F1 brasileiro.
Este piloto é Emerson Fittipaldi. Um brasileiro.

O projeto de uma equipe de F1 nacional nasceu de uma conversa com seu irmão Wilson, e em 74 o primeiro modelo estava concluído: o FD-01. Inovador, todo carenado - um perfil de penetração aerodinâmica muito baixo. Algumas das soluções do FD-01 foram copiadas por várias equipes, mas o carro não era competitivo.
O FD-02 e o FD-03 foram pilotados por Wilsinho até 75, quando Emerson assume o cockpit. O FD-04, outro projeto de linhas elegantes, mostrou evolução sob a pilotagem de Emerson - mas o país criticava a ousadia dos Fittipaldi em disputar com um carro brasileiro a mais importante categoria do automobilismo mundial.
As críticas vão aos poucos tornando-se piadas. Apesar dos bons resultados em 76 e 77, não consegue atrair a torcida (nem parte da imprensa da época). O que pouca gente sabe é que parte deste insucesso nas pistas devia-se à "mafia inglesa". Os motores na época (exceto a Ferrari, a Ligier, BRM e Renault) eram fornecidos pela Cosworth (subsidiária da Ford inglesa) - que, num ato de "patriotismo", fornecia os melhores motores às escuderias inglesas (será que era $ó patrioti$mo ? acho que não).
Em 78, o melhor momento: segundo lugar no Gp Brasil. Os descrentes, para não serem discriminados, começar a elogiar a Copersucar-Fittipaldi. Nesta temporada, a equipe deixou para trás McLaren, Willians, Renault... mas o Brasil queria mais. Em 79, a vez do F6. Outro carro lindo, revolucionário. Mas problemático e e caro no projeto, fez o patrirocinador desistir da equipe. Os Fittipaldi não desanimam e compram a Wolf (uma equipe que também desafiou as grandes) e passaram a contar com o apoio (financeiramente menor) da Skol brasileira. Keke Rosberg, que seria campeão em 82, era o segundo piloto da equipe. Mais alguns bons resultados, mas em 81 Emerson deixa o volante e torna-se chefe de equipe. Mesmo com Chico Serra (talentoso e arrojado), a equipe entra em decadência, até encerrar suas atividades, em 1982.

Sou uma das "viúvas" da Fittipaldi. E não sou "a única". Meu amigo (pela internet) Rodrigo criou um site para eternizar o sonho dos Fittipaldi (no qual humildemente estou citado como "colaborador") - sonho este revivido na iniciativa de uma fabricante de peças (não precisa ser médium pra saber que é a Dana) que restaurou não só o FD-01, mas parte da história do automobilismo brasileiro.

A minha bicicleta era amarela por causa do Copersucar...

Diário de Guerrilha: 22/09/2004. Após MAIS um quase-obsceno vácuo literário de três meses, volto à este blog. Sumí de novo...

O Bom Filho...

Apesar de ser um animal essencialmente urbano, sempre execrei o stress decorrente de se viver numa megalópolis...
Tráfego lento, poluição sufocante, a conseqüente criminalidade... males do nosso tempo.
Nascí em São Paulo. Na Pró-Matre Paulista, para ser mais preciso. Onde, quase exatos 10 anos depois, nasceu também meu irmão.


Lembranças:

A Feira da Bondade, e os domingos, no Ibirapuera;

Salão da Criança, Salão do Automóvel, Salão do não-sei-o-quê - no Anhembí;

O Supermercado Yaohan, palco máximo do meu inocente consumismo - era imenso, tinha restaurantes (Shabu-Shabu, e um na sobreloja), um lustre gigante sobre as escadarias, e, principalmente, uma loja de modelismo (Aerobrás, acho) e um playgrond na cobertura (com um foguete como escorregador). Meu Deus, que saudade. (Mas depois crescí e virei comuna).

As viagens para Serra Negra, Poços de Caldas, Lindóia...

As escolas - que quase todas fecharam - Machado de Assis, Vagalume, Liceu Eduardo Prado;

Os shoppings Ibirapuera, Iguatemi, Continental;

Ficar vendo Elektras da VARIG, 737 e 727 decolarem e pousarem em Congonhas. Programa de índio, né ?

Tudo isso foi devidamente enterrado quando me mudei pra Brasília, com meus pais. Diante da amplitude de espaço, a possibilidade de fazer tudo o que não poderia fazer na neurótica São Paulo que me obrigava a viver "atrás das grades", me fez crer que eu jamais seria um paulista de novo. Ok, guardei minha bandeira de treze listras que meu avô deixou (lembrança da Revolução de 32), e voltamos várias vezes depois, em viagens. E a cada uma delas, meu amor por Brasília aumentava - assim como meu desprezo por São Paulo.

Depois de Brasília, rodei o mundo, e numa destas armadilhas do destino, me vejo na poltrona 29 do Golden Service da Itapemirim. Após seis longas horas que minaram toda a energia das pilhas do meu walkman, me vejo no Itaim.
Revejo a avenida Indianópolis, Moema, o Ibirapuera...
Em meio ao stress (este, não mudou), a efervecente vida cultural, a arquitetura moderna de seus edifícios (e são muitos...).

O coração bateu mais forte. Por estes e muitos outros motivos.
Não importa se sou candango, curitibano, italiano, ou seja lá mais o quê.
Este foi o meu berço. E se ficou "esquecido num sótão qualquer da minha cabeça", sempre ficou lá.
Ou melhor, aquí, num compartimento secreto do meu coração.

Diário de Guerrilha: 30/06/2004. Após um quase-obsceno vácuo literário de três meses, volto à este blog. Por puro stress e falta absoluta de tempo, abandonei esta tribuna... (mas se eu sumir de novo, não se espantem).

O Cavalinho Branco nr. 145. (Ou: Cinema, vícios e convicções políticas).

O "filme da minha vida" é "Um Homem e Uma Mulher", do Lelouch. Já escreví isso alguns posts atrás. Meu pai tinha o LP com a trilha sonora, cuja capa contém carros de competição - e eu já era fanático por automobilismo. Se o futebol nunca me seduziu totalmente, a F-1 foi paixão à primeira vista. Infelizmente, o automobilismo é um esporte meio caro, e eu nunca pude contar com um bom patrocínio (ou PAItrocínio), embora tenha disputado algumas provas como piloto de rally, na condição de amador.

Mais grandinho, e namorando uma francesa, assistí a esse filme quase sem querer, num Corujão qualquer.

Parei. Olhei. Pirei.

É poesia pura.

A homenagem à cultura brasileira, num "clip" com o "Samba-Saravá" do Vinícius cantado em francês (?!);
as cenas em sépia, branco e preto;
o garotinho que interpreta o filho do protagonista (e minha mãe jura que sou eu);
a inesquecível cena na pista oval de Montlhéry, onde um monoposto Ford, um GT-40 e um Mustang fazem tomadas de tempo...
a trilha sonora, obra-prima de Francis Lai...
a sequência no Rally de Monte Carlo (já me barbeei enquanto dirigia);
a cena da praia...
o final aberto...

Poizé...

Por tudo isso e pelos prêmios que conquistou, A Palma de Ouro de Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, eu amo esse filme - que teve uma sequência, não tão feliz, "20 Ans Déjà" (Vinte Anos Depois).
Trintignant, o protagonista, foi realmente piloto de provas (disputou alguns rallies na Europa). Anouk Aimeé, a linda atriz francesa, além do charme, consegue manter seu ar blasé durante todo o filme.

A Ford francesa inaugurou, sem querer, o merchandising nos filmes de arte, ao patrocinar esta produção - o que se conta nos bastidores é que o produtor não dispunha de um orçamento elevado... e algumas cenas tiveram de ser rodadas em sépia ou branco e preto (os negativos Eastmancolor era muito caro). Mais uma lenda sobre este filme: alguns diálogos foram mero improviso - sobretudo na cena do restaurante em Deauville.

E meu sonho de consumo é um dia ter um Mustang Coupé Branco 1966. Também sou filho de Deus, e apesar de minhas antigas convicções políticas, ex-comunistas também têm sonhos de consumo (e hábitos capitalistas, como fumar. Eu fumava vorazmente os reforçados Gitanes - os mesmos que Trintignant fumava - o que é a propaganda...)
Ainda bem que Marx já morreu e o Muro, caiu.
E eu, que não sou trouxa, deixei de fumar. Há dez anos...
(Mas gostar do Mustang, esse vício, não consigo largar).

Diário de Guerrilha: 15/03/2004. Um post dedicado à cidade que me encantou quando a conhecí; que tanto odiei quando fui obrigado a deixar Brasília e mudar-me; e que, anos depois, em Florianópolis, jamais deixei de amar. O amor é assim mesmo (a gente só sente a devida falta à distância)...

Em Curitiba

Crepúsculo; lojas começam a fechar.

Garoa fina, frio: típicos e docemente familiares.
Caminhar na Rua XV, à noite, é algo único.
Rodinhas de estudantes, cheiro de quentão no ar.
O rapaz tenta me vender a Gazeta de domingo.
O Vampiro de Dalton Trevisan espreita a cada rua escura...

Uma certa postura européia num país mestiço e tropical. As pessoas são sérias, sizudas. Talvez pelo frio, talvez pelo sangue. Talvez pela predisposição ao trabalho.
Reminiscências de um passado não muito distante: Casa do Ingresso, saída do Positivo da Vicente Machado, Muricy, Garcez, HM, Bamerindus, Prosdóscimo, Disapel (a mais simpática), Estação Primeira FM, Shelby, Bavarium Park. FORVM...
Bar do Alemão, Largo da Ordem, amores (e alguns inevitáveis foras). Centro Cívico: a Brasília Virtual que me confortava quando a saudade batia...

Barigui, Bosque do Papa, São Lourenço. O verde da tua bandeira está bem representado...

Teus palcos: Guaíra, Paiol, Ópera de Arame. Couto Pereira. Coritiba, o alvi-verde de tantas glórias, a maior delas vivida numa fria noite de 1985. O eterno rival Atlético, o rubro-negro da Baixada, campeão de 2001. Um adversário de respeito. O que seria um sem o outro ? É bonito ver a cidade se alternar em vestir-se das cores de seus clubes a cada triunfo (afinal, como na vida, às vezes se está por cima, noutras, por baixo). Marcelo Gusso, meu grande amigo, você sabe do que me refiro...

Sabe, Curitiba, você é como uma mulher linda, culta e ingrata.
Não faz nenhum esforço para que gostem de ti, mas isso é impossível de não ocorrer.
O gostar, virou amor...
Desse nosso amor, nasceu uma menina - minha filha. Curitibana, com orgulho.
Curitiba, longe de ti, sofro por tua falta.
Contigo, sob esse céu onipresentemente cinza e melancólico, posso dizer que sou feliz.

Em 09/12/2003, fiz um post em homenagem à um amigo, ex-combatente da FEB, o Major Lourival. Ficaram faltando, obviamente, suas fotos.
Elas serão relocadas para o post original em breve. (Estas imagens foram retiradas de um especial produzido pela TV Cultura de Florianópolis).

Descanse em paz, Major.


Diário de Guerrilha: 22/02/2004. Faltam 48 horas para acabar essa alucinação coletiva...

O País do Carnaval

Somos uma nação tão insuportável a ponto de necessitar de 4 dias para exorcizarmos nosso stress, nossas frustrações e tristezas ? Essa "euforia de hora marcada", tão artificial quanto um comprimido de ecstasy, acaba em metafóricas Cinzas - como algo que devesse ser eternamente incinerado - e inevitáveis "efeitos colaterais", que vão da indefectível ressaca às doenças venéreas e gravidez...

É no mínimo paradoxal ver tantas comunidades carentes de infra-estrutura urbana, (sobre)vivendo em barracos, em favelas dominadas pelo tráfico e pela contravenção, sustentarem as chamadas "escolas de samba" (escolas de samba ?) com seus salários miseráveis. Sacrificam seus orçamentos em nome de uma hora e meia de folia. Se vivo, Marx poderia dizer que o ópio do povo (brasileiro) é o carnaval...

Preferia ver essas comunidades financiando seu próprio desenvolvimento; ver escolas sendo erguidas, ruas sendo pavimentadas, barracos virarem casas. Assistir na avenida um desfile ostentando tanto luxo e riqueza, enquanto seus integrantes voltam depois para casa em ônibus, sem ter muito o que comer, me parece mais uma piada. De péssimo gosto.

O outro lado da mesma moeda: a burguesada cheirando lança-perfume, cheirando cocaína, tomando energético com whisky 12 anos, ávida em desafogar sua bem-nutrida paranóia delirante numa noite de sexo. Com a primeira gostosa que aparecer (mesmo que a gostosa, ás vezes, seja homem. Mas isso não vem ao caso). Bailes com direito à muita sacanagem, muito peito e bunda de fora. Gente entorpecida se arrastando, em vaga consciência. O comer alguém, aqui, é a prioridade.

Nas ruas, gente bêbada dirigindo, enquanto outros aproveitam o torpe reinado de Momo para praticar crimes (Sabe, Dotô, eu tava fora de si, de cara cheia). Nas TVs, o erotismo em qualquer horário, ao alcance de todos. Crianças fantasiadas de Feiticeira, Tiazinha e outros personagens insinuantes. E ainda não queremos ser referência de turismo sexual ?

A quem aprecie tudo o que foi acima citado, respeito a preferência (embora não necessariamente concorde). Mas procure descobrir a razão de buscar essa fuga, dessa inconsciência (coletiva).

Eu prefiro permanecer sóbrio. E crítico.


Diário de Guerrilha: 30/01/2004. À bordo de um oscilante e claustrofóbico ônibus da Catarinense, na rota Florianópolis-Curitiba, sob uma chuva aterrorizante (parece enredo do Tarantino), assistí pela enésima vez o clássico Sociedade dos Poetas Mortos. Como o Pequeno Príncipe, algumas obras mostram facetas diferentes, com o passar do tempo. Como os diamantes...

Carpe Diem

Desde pequeno adoro escrever. Mas, paradoxalmente, minha letra (a cursiva) era horrível, e me batia na grafia da letra "u"; as pernas ficavam assimétricas. Para desespero da minha mãe, professora.
Certo dia, estava eu no Colégio Machado de Assis, em São Paulo (que virou fábrica da Philips, anos depois), cursando a Primeira Série. Aula de Redação, tema: "Escreva sobre um animal". Tomasi di Lampedusa deve ter "baixado" em mim; minha redação foi intitulada "O Leopardo", e encantou minha mestra. Que mostrou à Diretora. Que, para meu orgulho, fez que minha pequena obra, fosse divulgada por toda a escola. Um enorme incentivo à minha nascente criatividade.
Por outro lado, tenho vários amigos que odeiam escrever. E, conversando com eles, chego à conclusão que eles nunca foram devidamente estimulados à escrever, por seus professores; foram obrigados. E, obrigado, ninguém faz nada com o coração...
Vivo insistindo à uma menina: "Faz um blog; você tem senso crítico, é observadora e divertida. Escreve umas crônicas, todo mundo vai gostar". Ela me olha com os olhos da Marisa Monte, negros como aqueles descritos numa canção folclórica russa e minha argumentação acaba. (Pelo menos, de uns dias pra cá ela começou a escrever. Mas o blog... ainda não foi pro ar).

Assistir novamente "Sociedade dos Poetas Mortos" me fez refletir sobre o papel dos professores em abrir horizontes e despertar talentos, a importância da Poesia (sim, em maíuscula) em estimular nossos sentimentos mais nobres, o compromisso que nós deveríamos assumir com nós mesmos: o de viver cada dia como se fosse o último - e sorver da vida tudo o que ela tem para nos oferecer.

Eu só me arrependo do que não fiz nesta vida.


Diário de Guerrilha: 16/01/2004. Quase um mês sem postar. Dias que passaram como horas; horas que se esvaíram como minutos - muito trabalho, stress e tudo mais. Depois da minha visão à la Almodóvar do Natal, the show must goes on, então, vamulá, mais um ano se inicia (Música incidental: U2, "New Year´s Day")...

Espero que em 2004...

As FMs toquem menos músicas comerciais e sem a menor criatividade;
A TV exiba menos lixo e mais atrações com qualidade cultural;
Os políticos brasileiros sejam mais éticos e mais honestos;
O Rubinho pressione mais o pedal direito (e menos o esquerdo);
O Bush acorde e perceba que ele não é o síndico do planeta (só porque ele mora na cobertura duplex);
Israelenses e Palestinos se conscientizem que apesar da religião, todo sangue que se derrama, é vermelho - tanto pra judeus, como pra islâmicos (e já se derramou sangue demais);
O ônibus esteja sempre no ponto;
A gasolina diminua de preço;
A Ford venda carros mais baratos;
Chova só na hora de dormir;
Eu durma mais. Bem mais;
As pessoas levianas continuem levianas. Mas longe de mim;
As pilhas do meu walk-man demorem mais pra terminar;
As caixas do mercado estejam sempre sorridentes;
Sempre me convidem pra jogar volley (pra correr na Beira-Mar, andar de bike...);
Não se repitam apagões nem engarrafamentos-monstros nesta ilha de aspectos pitorescos;
O Sol apareça mais em Curitiba;
Minha lente de contato me faça pagar menos micos (tipo cair sozinha ou me fazer chorar de graça);
Os times que torço sejam campeões, pra que eu possa encher o saco dos meus amigos;
A bomba do chimarrão não viva entupindo;
O meu saco não estoure;
O meu limite não e$toure;
A camisinha não estoure;
Os créditos do celular não acabem, (e as pessoas me liguem pra falar de coisas que realmente valham a pena);
Os programas gratuitos de partidos políticos sejam extintos;
As lasanhas e pizzas congeladas estejam sempre em promoção;
Se divirta mais, se ria mais ;
Se faça mais amor e menos sexo;
Role muito beijo na boca;
Não role joguinhos fúteis nem hipocrisias. Não tenho mais idade pra isso;
A saúde sempre diga 'presente !';
A paella não grude no fundo da panela;
Chova Halls de morango e Bis a cada terça-feira;
Pinte um aumento. Não de serviço, mas de salário.
Você conquiste tudo o que quizer.
Acreditar nisso é o primeiro passo.

Diário de Guerrilha: 25/12/2003. Preciso entrar em detalhes sobre meu atual estado de espírito ? Que bom. Aproveito para desejar a todos que se alistaram como voluntários nesta Guerrilha um 2004 mais bacana.

So this is Xmas...

Nas ruas: Multidão, uma diversidade de pacotes, sacolas e embrulhos. Estacionamentos lotados. Ao contrário da Europa, na maioria das cidades brasileiras faz um calor abrasador; Papais-Noéis derretem suas adiposidades em meio aos indefctíveis ho-ho-hos. Enfeites e luzes nos edifícios, desafiando todo e qualquer apagão.

Na TV: Promoção disso, promoção daquilo. Guerra das cervejas. Guerra dos Celulares. Guerra das redes de lojas de eletrodomésticos. Especiais - aqueles que você vê todo ano. Filmes sobre o Natal. Séries exibem episódios sobre o Natal.
Vinhetas com temas natalinos. (Ouça o rádio; o stress é menor).

Nos Shoppings: Frenesi nas praças de alimentação. Crianças chorando. Pais à beira de um ataque de nervos. Filas intermináveis - aliás, a única coisa que está quase no fim é o seu limite, tanto no cartão, no cheque especial, e a sua paciência. Duas horas para achar uma vaga. Três para sair dela. Você usa a água do radiador para engolir melhor o terceiro Lexotan.

Em Casa: O cheiro do peru assando domina o ambiente; a cozinha está no mais completo caos. Você separa uma roupa bacana para cear, trocar presentes e depois lavar a louça (opcional no pacote de Natal: ver TV, comentar com seus cunhados sobre o decote da prima, se constranger diante da embriaguez daquele tio que sempre faz uma baixaria diferente a cada 25/12).
As crianças apanham por comer o tender antes da ceia e a filha mais velha anuncia que vai passar a noite fora. Num Motel.

Na sua Cabeça: "Puta, que saco"; uma emotividade de hora marcada, não espontânea e artificial. Uma certa melancolia que você percebe desde que perdeu a crença no Papai Noel, e espera se esquivar dela com vários copos de cidra (que deprimente)...
Os presentes, o panetone pela metade, pedaços de casca de nozes no tapete, o mendigo que passa na rua lá embaixo enquanto você joga o que restou do chester no lixo. E, quase sem querer, você se sente como aquele personagem do filme The Wall, e se pergunta, em meio à uma crise existencial sem precedentes: "O que é que eu estou fazendo aqui ?" (Sobe a música incidental, Confortably Numb). Corta para um close na árvore de natal: Alguém grudou um chiclé num dos galhos.

O que se comemora MESMO a cada 25 de Dezembro ?

A vinda de um menino judeu, que fez da bondade, amor ao próximo e do desapego aos bens materiais os caminhos para se encontrar com Deus - na definição literal da palavra Religião.

Enquanto perdemos nosso tempo (e, sobretudo, nosso dinheiro) priorizando os aspectos meramente comerciais desta data tão importante, deveríamos refletir - um pouco, pelo menos - que o aniversariante deveria ser mais importante que o aniversário que comemoramos de forma consumista e sem a menor reflexão - transformamos uma data sagrada numa festa pagã.

Feliz aniversário, Jesus Cristo. E perdoai-vos, pois prefiro acreditar que eles não sabem o que fazem.

Post dedicado à Tata, uma menina que como eu, também repudia tudo isso, mas hoje fez uma puta faxina em casa. Quer estiver precisando de um topzinho branco, tem um em cima do telhado da vizinha...

Diário de Guerrilha: 17/12/2003. Que tempinho mais chato... chuva, vento forte. Ideal para passar 6, 12, quem sabe 24 horas dentro de um Shopping, tomando chopp, vendo vitrines, tecendo revolucionárias teorias psicológicas.

Sexo, rock ´n´ roll (mas não faça da sua vida uma droga...)

Ando conversando muito sobre sexo com las mujeres de mi vida... e alguns de meus conceitos caíram por terra após algumas declarações... Ok, o universo pesquisado, sob os frios conceitos estatísticos não representa uma parte considerável do universo feminino - nem mesmo nenhum dos temas abordados abaixo possa ser definido como "tabu" ou "novidade" para muita gente... Mas são opiniões. E opiniões que poderão ser compartilhadas por muitas mulheres.

Nós homens temos quase como verdade acabada a premissa que a mulher não desvincula amor de sexo ,ou seja, seria uma raridade ouvir que fulana transou com fulano apenas por tesão. Seja por um resquício machista presente em alguma molécula do nosso DNA ou por aqueles artigos publicados em Nova ou Marie Claire, que mentimos até às últimas conseqüências quando questionados se os lemos. Por quê as mulheres não devam dar vazão à sua libido, diante de uma situação de tensão sexual ?

Mulher trai, também. Por quê, não pode ? Poder, pode. Mas trair, independente do sexo, sejam quais forem os motivos, não é um gesto elogiável... Acreditávamos no mito que só as malvadas faziam isso, quando a mais confiável das esposas possa vir a cometer tal deslize. Insatisfação sexual, um parceiro que a despreza, ou puro e simples tesão por um outro cara (bem mais compreensivo e/ou melhor de cama) são as razões mais freqüentes.

Mulher fala de sexo com outras mulheres. Não como nós fazemos, ao redor de algumas cervejas, descrevendo com detalhes dignos de uma superprodução pornô húngara qual a última façanha sobre o colchão (no chão ? na banheira ? na casinha do cachorro ?), mas comenta. Mulher tem ego também. Às vezes a gente esquece (geralmente, quando se é tarde demais).

Mulher se masturba. Mesmo que diga que não gosta. Mesmo que ache sem graça. Mesmo que não seja assídua. Mesmo isso e mesmo aquilo, elas gostam. Gostam de serem masturbadas por nós, mesmo que alguma inibição se manifeste, por mais paradoxal que possa parecer: como pode haver inibição, em plena troca de intimidades, corpos desnudos ? Bloqueios...
Mas não se esqueça: às vezes é mais pra cima, às vezes é mais pro lado. Mais rápido. Mais suave. Para os desprovidos de sensibilidade, é como tocar contra-baixo: siga o ritmo... acompanhe as batidas do coração dela, nota por nota... até os acordes finais. Procure não desafinar...
E lembre-se, existem mulheres que preferem a estimulação clitoridiana à vaginal (pela penetração). Mãos (ou qualquer outra parte da nossa anatomia) à obra !

Mulher ADORA sexo oral. Mas isso não é (pelo menos, não deveria) ser novidade pra ninguém. Se for pra você, bem, não perca mais tempo: caia de boca. Mas aprecie com moderação...
E, em geral, mulher ODEIA sexo anal. Mas existem as exceções. Tomadas as devidas precauções, tudo é válido.
Não é válido você exigir que ela faça, se ela não gosta. Do mesmo jeito se ela viesse com um taco de baseball e falasse pra tí: "Benzinho, vem cá, vamos tentar algo diferente". É, meu velho: o buraco, literalmente, é mais embaixo...

Mulher gosta de apanhar. Opa ! Peraí... um tapinha na bunda, na hora certa, não muito forte, nem muito fraco, é quase uma unanimidade. Há todo um contingente que se delicia ao pedir que você as xingue, fale baixaria, bata mesmo. Uma versão trash-light (da onde eu tirei isso ?) do sado-masoquismo, o famoso SM. Se sua parceira pedir porém pra fazer isso (e muito mais), não estranhe. Mas só é algo bacana se ambos os parceiros concordarem.
Fetiches, em geral, não são acessórios indispensáveis para o universo feminino. Uma camisolinha, aquele soutienzinho básico da Du Loren (o primeiro, elas nunca esquecem), tudo bem. Há as que gostem de uma cinta-liga, calcinha de oncinha, roupinha de enfermeira. Normal. Tudo é válido entre quatro paredes.

Qual a sua posição favorita ?
Se você pensou goleiro, centro-avante ou lateral-esquerdo, desculpe... não é bem isso (mas eu fui um goleiro bem razoável).
Papai-e-mamãe, de ladinho, cachorrinho. Coisas assim. Passou na Globo recentemente um filme protagonizado pela (maravilhosa) Penélope Cruz, "Sabor da Paixão" - onde o roteiro nos conta as perípécias de um casal brasileiro, recém-separado devido às puladas de cerco do marido (papel de Murilo Benício). Além de expor com bom humor o brazilian-way-of-life, a culinária e a cultura baiana, a sensualidade da mulher, o filme ainda ataca o nosso velado machismo, ao sugerir que mulher deve transar por baixo (ou qualquer posição passiva), e que transar por cima, assumindo o "controle da situação", incomodava o marido.
Se sexo (ou fazer amor, como preferirem) é uma atividade praticada a dois, que ela proporcione prazer aos dois, portanto.
Por cima, a mulher de fato assume o controle sim, algum problema ? Além de favorecer a penetração, ela nos proporciona, visualmente, um belo espetáculo. O legal, mesmo, é variar. A variedade não deve ser apenas um requisito básico para os supermercados...

Onde o rock ´n´ roll entra neste post ? Numa música da banda gaúcha Tequila Baby, que insiste em não sair da minha cabeça: Sexo, Algemas e Cinta-liga...

...e não faça da sua vida uma droga...


Diário de Guerrilha: 09/12/2003. Há tempos não via uma chuva tão intensa. Certa vez, assistí a um documentário na TV sobre transcomunicação instrumental. Será que existe Internet no céu ?

Para meu amigo Lourival

Há dois anos atrás, fiquei amigo de uma pessoa muito especial.

Não era a primeira vez que via aquele velhinho no supermercado do bairro. Falante, lúcido, simpático. Sempre usando aquele bonezinho azul...

Dizem que copiamos tudo o que vem de fora, que somos um povo aculturado e sem memória. Mas porquê só importamos o que não presta ? o racismo dos skinheads, a violência dos holligans, o consumismo da terra de Marlboro ? O respeito aos idosos é algo que deveríamos copiar.

No bonezinho azul daquele velhinho, um símbolo - tão famoso num passado não muito distante - e aquelas três letras - heróicas, como a História nos conta.
Mas a Geração Coca-Cola praticamente os desconhece.
O símbolo, uma cobra, fumando. As três letras: F.E.B. - Força Expedicionária Brasileira. "A Cobra está Fumando", lema e dístico do contingente militar (cerca de 25.000 soldados) que o Brasil de Vargas mandou à Europa para ajudar os Aliados a combaterem os regimes nazi-fascistas do Eixo, Alemanha e Itália, na Segunda Guerra Mundial (paradoxalmente, Vargas era um apologista do fascismo. Coisas do Brasil...).

"O Sr. foi da FEB ?" Perguntei, ao vê-lo tomando um cafezinho, naquele supermercado lotado. "Major Lourival, às suas ordens" - e, desta resposta em diante, se seguiram quase duas horas de papo sobre guerra, vitórias, lembranças dos companheiros mortos, experiências em combate. Uma rodinha se formou para acompanhar nossos assuntos... A partir deste dia, nos tormamos amigos; o Major Lourival (como gostava de ser chamado) era presidente da Associação dos Veteranos, e foi um dos entrevistados num documentário produzido pela TV Cultura/UDESC - onde fez questão de ressaltar seu lado humano - e não o de soldado. Ao invés de se vangloriar de ter matado inimigos, abordou a dor de sua esposa, que ficou à sua espera (eram noivos na época), das dificuldades (frio, escassez de comida, etc), a devoção à Deus, por permitir que ele retornasse vivo, e, sobretudo, a estupidez que toda guerra constitui.
Não foram poucas as vezes em que nos encontrávamos casualmente na rua, e nos flagrávamos conversando horas a fio - e esquecíamos de nossos compromissos.

Uma vez, comentou: "Você conhece tanto sobre História, Segunda Guerra, se interessa por isso. Porquê não participa da nossa Associação, não nos ajuda a levar pra frente, para os que não conheceram, tudo o que a gente fez ? Um dia, a gente morre, alguém tem de zelar pela memória da FEB" Me sentí honrado pelo elogio e pelo convite; a paixão pela História devo à minha mãe (professora) e pela vida militar, à meu pai (apesar de não tê-la seguido). Minha rotina profissional (um pouco, digamos, incomum, pelo horário que trabalho) acabou por impedir que eu colaborasse com a Associação dos Veteranos...

Há cerca de três meses, comentei com as caixas do mercado que nunca mais havia visto o Major. Nem elas. Fiquei preocupado. Passados mais alguns dias, com um certo mal pressentimento (sempre a minha intuição), criei coragem e perguntei ao porteiro do prédio se o Major havia se mudado.
"Não, ele faleceu; Já fazem alguns meses".
Chorei alí mesmo, e até ao ponto do ônibus que pego para trabalhar. Chorei por não poder mais conversar com o meu amigo. Com o avôzinho que nunca tive. Por ele não ter me visto participar de sua Associação, o que para ele, teria sido um orgulho.

Meu amigo Lourival, onde quer que você esteja - e tenho certeza que é um lugar bom, pela pessoa boa que você foi, que seja junto com seus amigos - aqueles por quem um dia você verteu lágrimas nos campos de combate na Itália, e não retornaram aos seus lares, ao seu país. E todos aqueles que Deus chamou para o merecido repouso. Um lugar sem tiros, sem sangue, sem dor ou ódio. Sem guerra. Só paz.

A paz pela qual você lutou.

Diário de Guerrilha: 01/12/2003. Frio de lascar: alguém desregulou o ar condicionado...
Sentí uma puta vontade de escrever poesia; o problema é que eu não sei.

Não sou Vladimir Maiyakowski.

Prosa Concretista

Não sei fazer poesia, embora seja poeta.
Me sinto mais à vontade na prosa: falo como escrevo,
penso um turbilhão de coisas ao mesmo tempo:
Situação mundial, aquela menina, contas pra pagar, uma música
Muitas palavras, em vários idiomas, que às vezes me confundem,
Às vezes me ajudam a traduzir exatamente meus complexos sentimentos
(Tão complexos que nem eu mesmo entendo)
Poesia concreta, de cimento, aço, vidro e asfalto: urbana e paranóica
Meu Sol é fluorescente, minha janela tem 14 polegadas,
Onde a paisagem muda ao sabor de milhões de bytes
Vampiro moderno, eternos óculos escuros
Estranho o dia, espero a noite
(Mas não deixo de caminhar na praia nem de olhar o mar)
Não sei mais escrever: só sei digitar;
Se me esqueço de um nome, um rosto, um fato,
Busco na memória virtual (é o stress)
Café, coca-cola e croissants
E mais uma noite se foi...
As minhas noites são os teus dias
Em qual noite nos perderemos em lençóis de seda ?

(Post dedicado à Krista - e todas as jovens poetisas da web)

Diário de Guerrilha: 11/01/2003

A América é um país muito peculiar...

Em seu hino, há um verso, "the land of the brave and the free" (a terra dos bravos e livres). De fato, os yankees demonstram ser muito bravos, ao longo de sua história:
Ao invadir o oeste, e trucidar os Sioux, os Apaches, os Navajos (quase toda sua população indígena); na conquista do México; na Segunda Guerra Mundial (onde os bombardeios aéreos sobre a população civil arrasou cidades italianas, alemãs e japonesas, empregando armas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki); na Coréia, determinando um bloqueio econômico quase que total à Cuba socialista de Fidel; ensinando às ditaduras sul-americanas como reprimir as guerrilhas comunistas (leia-se emprego de tortura); no Vietnã, e toda a barbárie contra seu povo, com bombas de napalm, minas terrestres e a pior das violências - a psicológica. Estupros, torturas e humilhações. Mais recentemente, na Bósnia, no Iraque (por duas vezes) e no Afeganistão demonstraram sua avançada tecnologia bélica (alvos errados, excessos). Sem contar as evidências forjadas que levaram o Império de Bush hipocritamente à "libertar o Iraque da ditadura sanguinária de Sadam Hussein". Bullshit. (Ok, mas Sadam não é nenhum santo, sabemos disso). A base americana em Guantánamo, para onde são levados supostos terroristas sem julgamento militar, é um desrespeito aos direitos civis. Mas a ONU fica em New York, não é mesmo ? Hipocrisia é um termo muito brando para definir esta obcenidade.
Já vimos, portanto, que eles são bravos. Mais bravos que o pit-bull da minha vizinha (e talvez tão inteligentes quanto).

Pausa autocrítica:
Nada tenho contra o povo americano, não sou como esses idiotas de plantão, que generalizam e esteriotipam o modo de agir e pensar de um povo. Existem americanos e americanos. Uma Johnanette Napolitano
(vocalista dos Concrete Blonde) pensa bem diferente de um Collin Powell, por exemplo. Minha crítica é dirigida àqueles que (ainda que supostamente) governam os EUA. Ok ? Estamos entendidos ? Então tá, continua lendo, o post ainda não acabou.

Quanto às liberdades individuais, através dos tempos vemos:

A segregação social e política de sua população nativa (nunca houve um parlamentar que os representasse); escravidão de afro-descendentes (no entender dos pseudo-puritanos protestantes, "os negros não tem alma" - logo eles, que nos deram os blues, o rock, o samba); a consequente discriminação racial após a sua libertação, que veladamente, resiste até hoje, nos Harlens da vida; nos campos de prisioneiros nos quais foram confinados civis japoneses e nipo-descendentes após o ataque em Pearl Harbour (que culpam tinham; alguns eram até cidadãos americanos); o modo arrogante ao se referirem á América Latina (somos todos índios, há jacarés nas ruas, vivemos em tabas); toda a xenofobia que o Macartismo imprimiu durante a Guerra Fria (o Senador McCarthy era um paranóico e piegas pregador dos valores americanos, orientou a política interna e externa dos EUA nos anos 50); e, agora, temos a fraude chamada ALCA e tão propalada Globalização (por favor, Globalização não é ficar assistindo a Globo por horas a fio - mas é algo alienante também), idealizada pelo tio Sam para determinar sua hegemonia cultural no Ocidente (e no Oriente também, por quê não ?)

Estou escrevendo tudo isso por alguns motivos: morei nos EUA; e conheço sua cultura. Observo um claro sentimento de anti-americanismo no mundo após esta invasão ao Iraque fundamentada em mentiras e interesses econômicos, num flagrante desrespeito à ONU; pela orientação ideológica semi-fascista do governo Bush, imperialista e parcial; por esta guerra no Iraque ter vitimado um inocente chamado Roberto Vieira de Mello, um diplomata que priorizava a paz; pelo atentado ao quartel dos Carabinieri italianos em Nassyria - que iriam ajudar na segurança do país, e são muito queridos na Italia pela luta à mafia na campanha Mãos Limpas. 18 soldados inocentes mortos, tão inocentes como os civis iraquianos que tiveram sua nação invadida de forma arbitrária.

A América imprime sua cultura através da música, do cinema, nas artes. Nos costumes, nas roupas, no nosso consumismo quase inconsciente. Você nunca comeu um Big Mac na praça de alimentação do shopping em sua cidade ? Nunca sonhou em conhecer o Mickey na Disneylândia ? Nunca riu com o Zé Colméia, Patolino ou Pica-pau ? Não se emocionou ao ver o Armstrong descer do Eagle, pisar com o pé esquerdo (dá azar ?) a superfíce da Lua ?
A América ajudou a Europa Ocidental a se libertar do terror do nazismo, mas, paradoxalmente e aos poucos está se convertendo num imenso Reich.

E todos nós sabemos como o Reich acabou.

Diário de Guerrilha: 08/11/2003. Chuva incessante; meio frio. Poderia canalizar minha ira pós-punk e exteriorizar minha revolta pelo Apagão de três dias que a inépcia onipresente nesta Ilha me proporcionou (a mais perfeita definição do caos); mas prefiro dedicar-me à minha (vã) filosofia... Perdón, Josie... Hablaré de lo apagón después...

O que é o amor, afinal ?

Uma semi-paranóica, diuturna e múltipla preocupação de alguém para outra pessoa (se já voltou pra casa, se está bem ou com febre) ?
Amor de pai, mãe. Avó. Amor de sangue. Amor que mima, amor que repreende. Amor desses que a gente só sente a devida falta depois que cresce...

O relacionamento entre um homem e uma mulher que moram juntos há um bom tempo, transam meio que por obrigação (o desejo, como a Apollo 13, já foi pro espaço, e faz tempo), pouco conversam (sobre o quê ?) - enfim, se acostumaram a viver juntos, mas provavelmente divaguem sobre como seria a vida se separassem, mas não o fazem; uma separação custa muitos honorários advocatícios, e toda aquela encheção de dividir os bens (deixa assim...) não dá pra chamar de amor.

O tesão do garotão pela gatinha, baseado em chupões quase intermináveis, amassos e trepadinhas, é amor ? Paixão adolescente, desejos quase incontroláveis. Chega-se a deixar de fazer refeições, passa-se muitas horas no banheiro (para se produzir e para outras coisas). Quem nunca sentiu tais sintomas ?

O cara que acorda atordoado por ter sonhado com sua colega de trabalho, e se descobre apaixonado (embora antes nunca tenham conversado muito)...

A senhora que mora (sozinha) e conversa com seu estridente poodle branco como se fosse seu filho, o beija, compra brinquedinhos. Isso é um tipo de amor. O amor que ela trocaria por um filho de verdade, talvez. Mas o poodle é sincero ao demonstração sua afeição, e chegue até a morrer pela dona. Raros seres humanos fazem isso.

Amor pela Internet. Declarações de amor em incontáveis toques por minuto. Amor impessoal, tecnológico. Sem as mensagens subliminares que só o olhar transmite. Sem o cheiro de quem se ama. Sem boca, sem pele. Mas é amor (idealizado, às vezes; mentiroso, outras tantas). Amor em bytes. Bite me, girl, bite me...

Amor bandido, paixões perigosas: Aquelas que se realizam em encontros longe do olhar alheio, em segredo. Amantes, cúmplices. Válvulas de escape, oásis, psicólogos de plantão. O Outro ou a Outra; o relacionamento restrito às coisas boas: sexo, aventura e presentes. Mas nenhum dos seus amigos pode saber, e ela fica sozinha e com cara de tacho no Reveillòn (será ?). E, de vez em quando, mesmo sem querer, ao olhar ou ouvir algo, ele se lembra da esposa e dos filhos. O clima meio que broxa, a "culpa" se torna evidente. Amor meio hipócrita. Sem futuro e de passado reduzido, vive do presente. Só do presente.

Relacionamentos e relacionamentos: a vizinha fogosa que bate na porta, troca duas ou três palavras, e pronto: sexo. Lá pelas três da manhã você diz que "está tarde" e a despacha (não intencionalmente, é claro) pra casa dela. Desde que isto vem acontecendo voce não precisa se masturbar mais; a vizinha virou um "receptáculo de esperma": apenas um objeto. Isso não é amor, é sexo. E às vezes, sexo "por obrigação".

Amor platônico, uma implacável timidez: Noites sem dormir, quase uma obsessão. Amor ou sofrimento ?

Amor pelo trabalho, por uma causa (chega-se a morrer por uma), por uma nação. Por uma crença. Amores ideológicos.

Amores que vivem na memória, em flashes, eternizados em frames de celulóide, em VHS, em MPEG, vistos e revistos milhares de vezes. Pelos mais diversos motivos.

Amor, tesão, desejo, afeto, carinho, toque, olhar, beijo, cheiro, pele, cumplicidade, gozo, ternura, proteção, aconchego...
É um fogo que arde sem ver, é ferida que dói e não se sente, é eterno (enquanto dure), é um grande laço, um passo pra uma armadilha, um lobo correndo em círculo pra alimentar a matilha, is all we need...


Diário de Guerrilha: 28/10/2003. Clima instável; prenúncio de temporal. Ótimo: isso só exacerba a minha revolta.

Uma tarde em Saigon.

Primeiro, a surpresa, o choque: uma colega de trabalho sofreu um acidente. Mais uma vítima de um sistema de trânsito onde a impunidade impera.
A avaliação prelimar indica escoriações na fronte e deslocamento femural. Conduzida ao maior Hospital público de Florianópolis - mas o que descrevo a seguir pode ser visto na maioria dos hospitais brasileiros. E, para nossa indignação, chegar a acreditar que "ela está sendo bem tratada; em outros lugares poderia ser pior."
(O que pode ser pior ? O atendimento médico nos campos de concentração nazistas ?)
A fila, imensa, na sala de espera. Homens e Mulheres, alguns idosos, outros mais jovens. Crianças. Alguns bebês. Em todos os rostos, uma expressão que mistura dor, angústia (e indignação - mas sofrem calados. Pela dor e por saberem que para eles, não há o que possam fazer, além de esperar).

Nossa colega estava com um dedo quebrado, que não foi sequer enfaixado. Seu aparelho ortodôntico, danificado no acidente, machuca e fere sua boca.
O quadro de enfermeiros a atendem de forma monossilábica e sem olhá-la nos olhos.
O deslocamento do fêmur implica na aplicação de um pino, que trespassa a perna abaixo do joelho, no qual são encaixados pesos (como pêndulos). Uma visão impressionante, mas nessas alturas não há mais o que possa nos chocar (fui visitá-la com três amigos).
Na saída, uma espécie de alívio; por saber que o quadro dela não inspira maiores preocupações, e, embora possa soar de forma mesquinha, o simples fato de poder sair daquele Hospital já constitui um (falso) alento. E uma amarga constatação: Os planos de saúde estão se tornando bens de primeira necessidade.
Caminhei com uma amiga pelo Centro da cidade; não queria (queríamos ?) voltar à nossas casas com aquelas cenas na mente. Acompanhei-a até próximo do seu prédio.
Voltei a pé (6 Km ? Talvez menos) para onde moro, comí alguma coisa, tomei um banhão e dormí. Queria ter sonhado com um serviço hospitalar eficiente (e digno), bem aparelhado, com um Corpo Médico bem remunerado e qualificado. Mas não sonhei nada.

É óbvio que o atendimento hoje prestado pela maioria dos hospitais públicos reflete a própria condição do Estado Brasileiro; médicos e enfermeiros mal remunerados, trabalhando quase doze horas por dia, sob um quase insuportável stress. Sem os equipamentos adequados, sem as condições adequadas. No olhar dos médicos e enfermeiros, nota-se quase a mesma dor dos pacientes.

Me sentí em Saigon, hoje Cidade de Ho-Chi-Min, capital do antigo Vietnãm do Sul.
Mas queria estar em Viena, Barcelona, Oslo. Não, eu queria que o Brasil proporcionasse a seus filhos o mesmo atendimento destas cidades.
São filhos que pagam caro a cada suado mês sua contribuição previdenciária. E recebem de volta uma viagem à Saigon...

Diário de Guerrilha: 14/10/2003. Clima ameno, ao contrário do meu humor: hoje estou ácido e corrosivo.
Como a baba do
Alien do filme de Ridley Scott.

Nós, Homens (Afinal, le donne foram o assunto do último post).

As mudanças na sociedade, desde a segunda metade do século XX, vem redefinindo o conceito do macho contemporâneo.
Na minha infância, na sisuda Wiesbaden (Alemanha), ví certa vez um policial dar uma bronca no meu pai por ele ter cuspido no chão. E, de volta ao Brasil, algum tempo depois, ví meu pai repetir este gesto na minha frente. Perguntei inocente se alguém iria brigar com ele. Meu pai respondeu que não, e que homem fazia isso no Brasil. No calor do Rio de Janeiro, minha mãe me comprou um picolé (de limão, incrível, mas me lembro bem disso). Abrí o sorvete e dei o papel para minha mãe. Não havia lixeira na rua. Não havia lixeira no quarteirão. Acho que não havia lixeira pública naquela época (anos 70) em todo o Estado do Rio...
Minha mãe acabou jogando o papel num bueiro (para meu espanto). Ela disse que "aquí no Brasil pode, não tem cesta de lixo na rua". O tempo passou, e eu nunca cuspí no chão. Nem joguei lixo na rua. Ao contrário de todos os meus amiguinhos...

Houve um tempo que educação demais era confundida com, digamos, viadagem (não pretendo ser pejorativo). Qualquer um que usasse termos como "perdão", "me desculpe", ou evitasse ver uma menina na rua e gritar "ô gostosa !", pronto: esse jogava água fora da bacia (gíria paranaense bastante peculiar). Chorar, então, era a prova cabal. E eu chorei ao vencer campeonato de futebol de salão, ao ver o Piquet se tornar campeão, quando o Brasil perdeu para a Itália em 82, ao ver a emenda das Diretas Já não ser aprovada pela Câmara (com marca de cacetete no ombro), quando fui embora de Brasília e deixei minha namorada (enquanto o país se embalava no Rock in Rio), quando o Muro caiu (junto com minha ideologia - já escreví sobre isso). E, no meio de tantas lágrimas, minha masculinidade se manteve incólume...

"Será que a gente divide a conta do barzinho ?"
"Pega mal já ir pegando nos peitos da mina na primeira saída com ela ?"
"Pô, galera, comí a fulana ontem... Que bunda, cara !"
"Vou pra um congresso amanhã, quem sabe a gente não cata umas putas e fez alguma coisa, né ?"
"Não sei, mas acho que o meu é muito pequeno. E se ela não gostar ?"
"Ontem eu gozei e dormí, deixei a patroa na mão. Mas ela nunca reclama mesmo e quem trabalha naquela casa sou eu."
"Minha filha não sai com essa roupa não. Quer voltar grávida, é ?"
"A filha do fulano tá um tesão. Ah, se eu fosse mais novo..."
"Você é menina. Menina não pode e pronto."
"Menino não lava louça nem lava o chão. Deixa que a sua irmã faz isso."
"Mulher pra mim tem de ser virgem."
"Homem não leva desaforo pra casa. Volta lá e se você não bater no menino fica de castigo."
"Medo do escuro com seis anos ? Tá ficando igual a tua mãe ?"
"O pai bate na mãe porque ela merece. Vai pro quintal brincar com o cachorro."
"Vamos sem camisinha mesmo, eu não gosto de usar."
"Queimou o feijão de novo ? Você é uma inútil mesmo."

Frases.

O pai trocando a fralda da filha no shopping. O médico aprendendo a receita da paella valenciana. O namorado preocupado com o prazer de sua menina (e evita gozar antes). A rodinha de estudantes discutindo conceitos básicos de etiqueta. A filha discutindo com o pai sobre métodos contraceptivos. O filho dando de presente O Relatório Hite sobre a Sexualidade Feminina para a mãe.
Flashes.

O Homem do século XXI vai saber cozinhar. Vai fazer a mamadeira do nenê. Vai costurar o botão que caiu. Vai limpar o banheiro da sua casa. Vai fazer do prazer da companheira uma prioridade. Vai se importar com sua aparência e postura. Vai explorar a sensiblidade. Vai se emocionar sem olhar em volta primeiro. Vai manter sua energia, mas a catalizará para coisas positivas.Vai manter sua força, para sua própria saúde. Vai ser pai. E mãe. Vai ser educador, mas politicamente correto. Vai disciplinar, sem atemorizar. Vai ser mais humano. Vai ser um Homem.
Na essência da palavra.


Diário de Guerrilha: 09/10/2003.
Puta temporal lá fora. Banners e outros adereços hoteleiros agitam-se com a ventania animal.

Mulher.
O ser perfeito. Um poço de contradições. Um enigma insolúvel. Fonte de carinho e proteção. Válvula de escape para os básicos instintos. Um competidor de peso num mercado de trabalho cada vez mais restrito. Uma quase-escrava que desempenha ad nauseam as tarefas da casa.
Há quem as defina como carros: algumas são instáveis, consomem muito, possuem air-bags e porta-malas consideráveis. Sem contar os (quase) inevitáveis pneuzinhos. Típica oratória machista, de quem as vê como um mero objeto de consumo (Apud Marta Suplicy).

Para outros tantos, a mãe opressora e castrativa, a avó que "estraga a criação", a professora chata de química.
As inesquecíveis primeiras: a menina do primeiro beijo, a primeira namorada, a primeira transa...e o primeiro fora.

Louras, ruivas, morenas, castanhas, tingidas, negras, orientais, malhadas, caucasianas, latinas, eslavas, bombadas, semitas, árabes, lésbicas, ninfomaníacas, masoquistas, frígidas, passivas, quentes, insinuantes, irresistíveis...

Tão fáceis de se agradar, e ao mesmo tempo, tão exigentes (afinal, o essencial é invisível aos olhos). Mas sempre imprevisíveis. Poderá lhe ocorrer de comprar todo o estoque da H. Stern de sua cidade, oferecer à sua amada e ela lhe atirar toda esta preciosa munição no meio da cara, aos gritos de "tá querendo me comprar, é ? e/ou "o que você aprontou, hein, me conta logo ! Comeu a mocréia da tua secretária ?" Coisas da vida.

Eva, Lillith, Helena, Cleópatra, Maria, Maria Madalena, Joana D´Arc, Catarina a Grande, Rainha Vitória, George Sand, Simone de Beauvoir, Valentina Tereshkova...Do Paraíso perdido (devido à uma tentadora e metafórica maçã) à primeira mulher a contemplar o planeta à bordo da Vostok 6 (Controle da Missão, "a Terra é uma gracinha..."). Entre a obviosidade de Gagárin, "a Terra é azul", e a espontaneadade de Tereshkova, eu prefiro a segunda...

Mulheres: Ame-as. Ou ame-as.
PS: No imaginário masculino, acreditamos que nós comemos. Na verdade, somos comidos.
Então, complementando,
Ame-as. Ou devoram-te...

Mais um post da minha fase pós-própolis. Até quando ela durará ?

Diário de Guerrilha: 02/10/2003
Outubro e A Revolução. (Que Deus a Tenha)
Quando eu era mais jovem (punk e comunista), eu acreditava que um dia haveria uma certa justiça social na Terra Brasilis.
Quando comecei a trabalhar, eu acreditava que todo proletário deveria ter direito à uma remuneração justa.
Hoje, quando penso (um dia, who knows) em tornar-me micro-empresário, chego à conclusão que minha antiga ideologia política virou verberte de enciclopédia, acompanhada de uma indefectível foto de um guindaste derrubando o Muro de Berlim.
É, o Muro caiu. E já faz tempo. Marx, Engels, Lenin, Trotski, Cossuta, Berlinguer, Gonzalez, Soares... teóricos socialistas europeus (que eu tanto os lia), cadê vocês ?
O PCI (Partito Comunista Italiano) virou Democratici di Sinistra, trocou a foice e o martelo por uma árvore. Lula poliu-se. O PT chegou ao poder (e se corrompeu). Nos sebos, acumulam-se edições em promoção de O Capital. Fidel, de herói, virou um ditador egocêntrico. A China venera Mao mas pratica um capitalismo não-assumido. Che Guevara virou ícone pop.
Em plena crise ideológica, invoco Cazuza e grito:
Ideologia, eu quero uma pra viver !!!

Diário de Guerrilha: 26/09/2003
GIVE PEACE A CHANCE...
Vinte e cinco pilotos israelenses se recusaram a realizar operações de ataque nos territórios ocupados por civis palestinos, conforme declararam numa carta ao Alto-Comando da Força Aérea de Israel. O grupo de pilotos, integrante do movimento Courage to Refuse (Coragem na Recusa) vem atraindo a atenção da mídia israelense - e sua consequente simpatia. Eles alegam questões de consciência ao se negarem a bombardear áreas civis.
Os aviadores podem ser presos ou punidos se não cumprirem ordens, conforme as leis militares.
Qual feito requer maior coragem ?
Uma operação de ataque, rente ao solo, sujeito ao fogo anti-aéreo, ou a nobreza de respeitar a vida ?
Diário de Guerrilha: 24/09/2003
Preferências Pessoais. Interessante como algumas mudam com o passar dos anos...
Cor: Preto (azul também)
Perfume: Acqua di Gió (G. Armani)
Sonho de Consumo: Mustang 1966 Coupé
Livros: Zero (I. Brandão), Desideria (A. Moravia), Porcos com Asas (M. Rivera)
Filmes: Um Homem e uma Mulher (J. Lelouch), Abre los Ojos (Amenábar), 2001 (S. Kubrick)
Músicas: O Teatro dos Vampiros (Legião), Break on Thru (Doors), Drive (R.E.M.)
Animal: Cachorro
Cenários: Brasília (Esplanada), Curitiba (Parques), Florianópolis (Beira-Mar), Buenos Aires (9 de Julio)
Sonho de Viagem: Leste Europeu
Bebida Alcoólica: Vodka
Bebida Não-Alcoólica: Chá
Pratos Favoritos: Yakisoba, Strogonoff, Paella e cucina italiana (lasagne, paste, pizze...)

Marcuccio é como minha avó me chama (e apelido dos tempos de faculdade).
Muito prazer...

(O blog já tem quase um mês e agora eu escrevo isso ?!)

Diário de Guerrilha: 21/09/2003
Panorama contemporâneo da televisão brasileira: visite o lixão de sua cidade. Se não houver lixão, serve um aterro sanitário. Já centro de reciclagem, não serve. A televisão atualmente só vem produzindo lixo, não reciclando.
Estagiei na Rede Manchete em Brasília, no começo dos '80. A filosofia de trabalho era (obviamente) bater a audiência da Globo, se possivel, com a oferta de uma programação de qualidade (termo muito subjetivo). A tão propalada qualidade que a Manchete buscava, começou a consumir o orçamento destinado - sem o devido retorno (em anunciantes e audiência) esperado.
O seu Adolfo Bloch (diretor do Grupo Bloch, dono da Manchete) sugeriu, então, que se produzisse algo mais ao gosto brasileiro.
Daí vieram as Donas Beijas e seus banhos de cascata, os closes quase ginecológicos durante o desfile do carnaval, e etc.
Nada, absolutamente nada contra a nudez como forma de arte. O cinema europeu que o diga. A questão é que não era exatamente arte, o que se produzia. A Manchete faliu e vieram depois os Ratinhos, os Sérgios Mallandros, os Aqui Agora. Os Reallity Shows. As banheiras do Gugu e as Videocassetadas. O uso de nudez gratuita (já devidamente assimilada por nossa sociedade latina e tropical) não incrementa, por sí só, índices de Ibope. O que fazer, então ? Vamos exibir cadáveres ? Revelar emocionantes resultados de testes de DNA via satelite para todo o país, com direito a agressão generalizada entre as partes envolvidas ? Simular entrevistas com integrantes de facções criminosas ? O que mais virá ?
Aos esclarecidos, sempre haverá uma Tv Cultura, um canal Futura, uma RAI, uma BBC, uma Deutsche Welle, uma TvE. Aos que por absoluta falta de acesso a um esclarecimento, restará todo o lixo acima descrito. Afinal, são estes a base sólida da sociedade brasileira - e estes, por razões estratégicas, devem ser mantidos na mais perfeita alienação...

E já que estamos em pleno clima crítico: crie, não copie. Descobriu uma coisa bacana ? legal, absorva a idéia, mas não meramente reproduza. Se fosse assim, a Tyrrell teria ganho muitos campeonatos de Fórmula 1, o Paraguai seria uma potência continental e o plágio não seria crime. Valeu ?

O post de hoje é uma homenagem à uma menina criativa chamada Dani.


Diário de Guerrilha: 19/09/2003
Mais uma vez provei meu distanciamento intelectual dos babuínos e finalmente inserí no template os códigos para disponibilizar comentários. Que façanha.
Ontem foi dia de folga. Dia pra fazer tudo o que não foi feito durante a semana de trabalho... mas sempre há um tempinho pra um pit stop no nosso cult bar local, o Matisse. Só uma Stolychnaya, mas valeu.
Retomei a leitura de A Polaquinha, de Dalton Trevisan. Seu estilo é único: meio lacônico, imprime uma atmosfera de mistério a sua narrativa - sempre com o elemento erotismo presente. Mas sua abordagem é isenta de falsos pudores ou tabús. Grande Dalton. Alguém aí assistiu a um filme chamado "Preso na Escuridão" ? Acho que não. Que tal "Abre los Ojos" ? Tá difícil. E que tal Vanilla Sky ? "Vanilla Sky" é o remake de "Abre los Ojos" (Preso na Escuridão, no Brasil), filme de Alejandro Amenábar, talentoso diretor espanhol. A quem não assistiu, não entrarei em detalhes, mas a trama é excelente. A fusão entre realidade e sonho/loucura/alucinação é impressionante. Uma pena que Vanilla Sky agrega muito do american way of life, enquanto Abre los Ojos é um filme denso e reflexivo. A crítica européia aponta Abre los Ojos como fonte de inspiração de Matrix, o que não deixa de ser verdade, mas a linguagem e a abordagem é radicalmente diferente.
Levanta o bundão, aproveita que hoje é sexta, e corre pra locadora. (Mas tente achar o original espanhol).
Besos y besos


Diário de Guerrilha: 17/09/2003, 0340AM
Ontem provei que não sou um babuíno e, autodidata que sou, conseguí editar um template. Não manjo nada de HTML, mas fuçando daquí, de lá... não ficou tão mal. O blog ficou com uma aparência bem mais "pessoal". (Concordam ?)
Mas chega de jogar confete em mim mesmo...
O Guerrilheiro vai escrever sobre música hoje também. O grupo mexicano Maná (muito bom) tem uma música chamada "En el Muelle de San Blas". A letra (melancólica) conta a dor de uma mulher à espera de seu amor que partiu (para não mais voltar).
Phoda, mas é uma música. O quadro acima foi inspirado nesta composição. Não adianta ficar esperando; a gente tem de correr atrás do que se quer. Valeu ?
Vou escrever sobre cinema no próximo comunicado. Besos.

Diário de Guerrilha: 15/09/2003, 0210AM, Frio (é psicológico ? Preciso de um psiquiatra).
Não adianta: estou MESMO com uma música na cabeça; meu walk-man um dia ainda derrete.
Essa música é fucking great; classuda no arranjo e na interpretação, mas a letra é PUNK.
O Guerrilheiro que vos escreve tá carente. Vou ouvir Pistols, Clash, Buzzcocks...não, Legião. O Teatro dos Vampiros. Conexão Amazônica. Ainda é Cedo. Lembrei de um puta show no Ginásio do Tarumã (CWB) em 1988.
Por hoje deu.

Diário de Guerrilha: 14/09/2003, Não lembro a hora. É tão relevante assim ? Madrugada fria. Vento gelado e forte.
Preciso aprender a jogar damas...
Estou com saudade de jogar War, ainda vou fazer tatuagem de um AK-47, a impulsividade não é antônimo de passividade..
Duas bandas: The Cramps e Siouxsie and the Banshees.
Diário de Guerrilha: 13/09/2003 0330AM
Ontem eu ouví um monte de música, tipo The Clash, Cure, Misfits, Concrete Blonde, Hoodoo Gurus, Suicidal Tendencies...
Mas a que mais me chamou mesmo a atenção foi "Lullabay", do Cure. Ok, "Lovesong" também. Mas "Lovesong" não é exatamente uma love song.
Nem "The Thin Line Between Love and Hate", do Pretenders. O que é uma "love song" ? Uma letrinha brega cheia de "ai lóv iú" e um refrãozinho grudento como chiclete ? No way.
Tem que ter um certo estilo, seja na letra, no arranjo ou na interpretação. A estética acima de tudo.