Diário de Guerrilha: 15/03/2004. Um post dedicado à cidade que me encantou quando a conhecí; que tanto odiei quando fui obrigado a deixar Brasília e mudar-me; e que, anos depois, em Florianópolis, jamais deixei de amar. O amor é assim mesmo (a gente só sente a devida falta à distância)...

Em Curitiba

Crepúsculo; lojas começam a fechar.

Garoa fina, frio: típicos e docemente familiares.
Caminhar na Rua XV, à noite, é algo único.
Rodinhas de estudantes, cheiro de quentão no ar.
O rapaz tenta me vender a Gazeta de domingo.
O Vampiro de Dalton Trevisan espreita a cada rua escura...

Uma certa postura européia num país mestiço e tropical. As pessoas são sérias, sizudas. Talvez pelo frio, talvez pelo sangue. Talvez pela predisposição ao trabalho.
Reminiscências de um passado não muito distante: Casa do Ingresso, saída do Positivo da Vicente Machado, Muricy, Garcez, HM, Bamerindus, Prosdóscimo, Disapel (a mais simpática), Estação Primeira FM, Shelby, Bavarium Park. FORVM...
Bar do Alemão, Largo da Ordem, amores (e alguns inevitáveis foras). Centro Cívico: a Brasília Virtual que me confortava quando a saudade batia...

Barigui, Bosque do Papa, São Lourenço. O verde da tua bandeira está bem representado...

Teus palcos: Guaíra, Paiol, Ópera de Arame. Couto Pereira. Coritiba, o alvi-verde de tantas glórias, a maior delas vivida numa fria noite de 1985. O eterno rival Atlético, o rubro-negro da Baixada, campeão de 2001. Um adversário de respeito. O que seria um sem o outro ? É bonito ver a cidade se alternar em vestir-se das cores de seus clubes a cada triunfo (afinal, como na vida, às vezes se está por cima, noutras, por baixo). Marcelo Gusso, meu grande amigo, você sabe do que me refiro...

Sabe, Curitiba, você é como uma mulher linda, culta e ingrata.
Não faz nenhum esforço para que gostem de ti, mas isso é impossível de não ocorrer.
O gostar, virou amor...
Desse nosso amor, nasceu uma menina - minha filha. Curitibana, com orgulho.
Curitiba, longe de ti, sofro por tua falta.
Contigo, sob esse céu onipresentemente cinza e melancólico, posso dizer que sou feliz.

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