Diário de Guerrilha: 22/09/2004. Após MAIS um quase-obsceno vácuo literário de três meses, volto à este blog. Sumí de novo...

O Bom Filho...

Apesar de ser um animal essencialmente urbano, sempre execrei o stress decorrente de se viver numa megalópolis...
Tráfego lento, poluição sufocante, a conseqüente criminalidade... males do nosso tempo.
Nascí em São Paulo. Na Pró-Matre Paulista, para ser mais preciso. Onde, quase exatos 10 anos depois, nasceu também meu irmão.


Lembranças:

A Feira da Bondade, e os domingos, no Ibirapuera;

Salão da Criança, Salão do Automóvel, Salão do não-sei-o-quê - no Anhembí;

O Supermercado Yaohan, palco máximo do meu inocente consumismo - era imenso, tinha restaurantes (Shabu-Shabu, e um na sobreloja), um lustre gigante sobre as escadarias, e, principalmente, uma loja de modelismo (Aerobrás, acho) e um playgrond na cobertura (com um foguete como escorregador). Meu Deus, que saudade. (Mas depois crescí e virei comuna).

As viagens para Serra Negra, Poços de Caldas, Lindóia...

As escolas - que quase todas fecharam - Machado de Assis, Vagalume, Liceu Eduardo Prado;

Os shoppings Ibirapuera, Iguatemi, Continental;

Ficar vendo Elektras da VARIG, 737 e 727 decolarem e pousarem em Congonhas. Programa de índio, né ?

Tudo isso foi devidamente enterrado quando me mudei pra Brasília, com meus pais. Diante da amplitude de espaço, a possibilidade de fazer tudo o que não poderia fazer na neurótica São Paulo que me obrigava a viver "atrás das grades", me fez crer que eu jamais seria um paulista de novo. Ok, guardei minha bandeira de treze listras que meu avô deixou (lembrança da Revolução de 32), e voltamos várias vezes depois, em viagens. E a cada uma delas, meu amor por Brasília aumentava - assim como meu desprezo por São Paulo.

Depois de Brasília, rodei o mundo, e numa destas armadilhas do destino, me vejo na poltrona 29 do Golden Service da Itapemirim. Após seis longas horas que minaram toda a energia das pilhas do meu walkman, me vejo no Itaim.
Revejo a avenida Indianópolis, Moema, o Ibirapuera...
Em meio ao stress (este, não mudou), a efervecente vida cultural, a arquitetura moderna de seus edifícios (e são muitos...).

O coração bateu mais forte. Por estes e muitos outros motivos.
Não importa se sou candango, curitibano, italiano, ou seja lá mais o quê.
Este foi o meu berço. E se ficou "esquecido num sótão qualquer da minha cabeça", sempre ficou lá.
Ou melhor, aquí, num compartimento secreto do meu coração.

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